O Ministério da Saúde confirmou nesta segunda-feira (17) que 21
servidores, além de quatro pilotos, foram impedidos por índios Yanomami
de retornar à base e estão em uma aldeia na região de Surucucu,
município de Alto Alegre, no norte de Roraima. Os indígenas retiveram as
três aeronaves usadas pelos profissionais, que prestam serviço de
atendimento à saúde nas aldeias. Eles fazem parte da Secretaria Especial
de Saúde Indígena (Sesai) do ministério.
Segundo o governo, as equipes não foram sequestradas pelos indígenas e
seguem realizando suas atribuições diárias, estando em seus
alojamentos. "Nenhum profissional foi retido ou preso pelos indígenas e
não há descontinuidade nos atendimentos", informou o ministério, em
nota.
A manifestação dos indígenas ocorre após a morte de duas crianças
menores de um ano na região. Um recém-nascido de 29 dias morreu, segundo
o governo, em decorrência de broncoaspiração (por regurgitação), no
último dia 31 do mês passado. Um outro bebê, de 12 dias, também
morreu ontem (17), aparentemente em virtude de complicações decorrentes
de uma pneumonia. O Ministério diz que lamenta a morte das crianças e
informa que os dois casos são de "investigação obrigatória".
Exigência
Segundo informações locais, os indígenas exigem a saída do
coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y),
Rousicler de Jesus Oliveira. Na nota, o Ministério da Saúde informa que a
nomeação de cargos de livre provimento é atribuição exclusiva do Poder
Executivo, mas que mantém "o compromisso de continuar trabalhando em
diálogo constante com as lideranças para a ampliação e a qualificação
das ações de saúde de todos os indígenas brasileiros, garantindo o pleno
exercício do controle social".
Ainda de acordo com a pasta, o atendimento na região é realizado por
intermédio de duas equipes multidisciplinares, que contam ao todo com
dois enfermeiros, 13 técnicos de enfermagem e dois médicos para atender a
um total de 40 aldeias. A região também conta com um helicóptero para
dar assistência aos deslocamentos das equipes.
Nesta segunda, o DSEI encaminhou uma aeronave para a região para
realizar a remoção de dois pacientes, acompanhados de um enfermeiro, que
já se encontra em Boa Vista.
As ações de saúde desenvolvidas pela Sesai atendem, segundo o governo
federal, cerca de 700 mil indígenas, pertencentes a 305 etnias e que
vivem em 5,7 mil aldeias em todo o país.
Fonte: Agência Brasil
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