Tentando recuperar público após tragédia, Instituto Inhotim inaugura três novas atrações

Entre as novidades, está uma obra de quatro metros de altura do artista Robert Irwin. O maior museu a céu aberto do mundo fica em Brumadinho, cidade mineira devastada pelo rompimento da barragem da Vale.
POR MICKAEL BARBIERI ([email protected])

O Instituto Inhotim - maior museu a céu aberto do mundo - tenta apostar em novidades no acervo para retomar a taxa de visitação que era registrada antes da tragédia de Brumadinho. Logo após o rompimento da barragem da Vale, em janeiro deste ano, as visitas tiveram queda de 40%. Agora, o número de visitantes voltou a crescer.

Em setembro, foram 26 mil pessoas caminhando pelas galerias e jardins para conhecer todas as atrações artísticas do museu. Foram apenas três mil a menos do que a média histórica para o mês. A expectativa é que essa taxa aumente até o fim de outubro.

Além disso, desde a tragédia, toda a população de Brumadinho pode visitar o Inhotim de graça em qualquer dia da semana. Cinco mil pessoas já se inscreveram para usufruir desse benefício na cidade. Segundo a diretora executiva do Instituto Inhotim, Renata Bittencourt, isso indica que o público local e também os turistas não têm demonstrado receio em visitar o local:

'As pessoas começaram também a querer visitar o Inhotim como modo de agir solidariamente com a cidade de Brumadinho. Em julho, numa das quartas-feiras, que é o dia gratuito da instituição, nós tivemos mais de 10 mil pessoas. Isso mostra, de fato, que as pessoas entenderam que não há obstáculo nenhum no caminho, que a cidade recupera sua vida normal e que Inhotim funciona normalmente.'

Apostando nessa retomada do movimento, algumas novidades vão entrar para o acervo do Inhotim a partir do mês que vem. Uma delas é a maior obra já construída de Robert Irwin, um artista americano, e que vai ficar na parte mais alta do museu. Vidros artesanais adornam a cobertura da escultura, o que fornece ao visitante uma experiência imersiva com jogo de luzes.

Outra novidade é o jardim poético, o maior até então, que vai integrar a estrutura do já reconhecido Jardim Botânico do Inhotim. São 32 mil metros quadrados, uma criação do paisagista Pedro Nehring, que conta com espécimes como Pau-Brasil e Buriti, além de árvores frutíferas que atraem uma diversidade de pássaros.

Para a diretora executiva Renata Bittencourt, tudo isso, aliado ao aumento de patrocinadores em 2019, reforça o Inhotim como uma ferramenta de desenvolvimento da cidade afetada pela tragédia da mineração:

'A gente sabe de outros contextos como Bilbao, na Espanha, e nas regiões afetadas por tsunamis no Japão em que os problemas econômicos convidaram os governos e a sociedade a implementarem instituições culturais que tiveram impacto naqueles territórios. Em Brumadinho, a situação é diferente porque o Inhotim já está lá. Então, o fortalecimento de Inhotim traz benefícios para toda a cidade.'

Também em novembro, vai abrir ao público a exposição 'Visão Geral', com artistas contemporâneos brasileiros na Galeria Mata e uma instalação de Gisela Motta, Leandro Lima e Claudia Andujar.

Todas as novidades no Instituto Inhotim abrem ao público no dia 9 de novembro.

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