A não utilização de defensivos agrícolas e seu triste reflexo no mundo



Seria uma grande utopia pensar que a não utilização de defensivos agrícolas faria com que o mundo se tornasse um paraíso.

Dizem que a incidência de câncer, distúrbios hormonais e outras doenças despencaria, que o meio ambiente seria bem menos contaminado, que as águas e os mananciais voltariam a estar livres da poluição e todos se alimentariam em abundância com produtos orgânicos.

 Grande engano!



Um mundo sem defensivos agrícolas é um mundo de fome, já que não tem como produzir em larga escala e conseguir alimentar a grande quantidade de pessoas que habita o planeta sem usá-los.


Há muitas pragas que destroem as lavouras, há condições climáticas desfavoráveis, há uma necessidade de se aproveitar a maior parte das lavouras que seja possível.

Mas entrar nessa discussão sem dados é mera falácia, então vamos apresentar alguns números que possam provar o que estamos falando.

O exemplo do Japão



O Japão é atualmente o país com a maior expectativa de vida do mundo – 87 anos, sendo 86 para homens e 90 para mulheres.

Estudos costumam apontar como principal causa para esse número a dieta da população.

Só que há um outro dado que não pode ser oculto: também é em terras nipônicas que mais se utiliza agrotóxicos no mundo.


Estudo de 2017 da UNESP de Botucatu apontou o Japão como maior consumidor de defensivos agrícolas no planeta.

São usados por lá, em média, 17,5 quilos de defensivos agrícolas por hectare.

O Brasil não aparece entre os cinco primeiros colocados: Holanda, Bélgica, Reino Unido e França completam essa lista.

Todos são lugares com expectativa de vida bastante alta.

Por ser um país com pequena extensão territorial e altíssima densidade demográfica, o Japão não tem muito espaço para plantações.

É necessário cultivar diversas culturas em espaços muito confinados, e qualquer perda pode causar grandes prejuízos.


Esse número elevado de defensivos agrícolas é usado em benefício à saúde da população, que consegue ingerir uma quantidade satisfatória de alimentos saudáveis, sem fome e sem restrições de dieta.


Se esses produtos realmente fizessem mal, o que explicaria tamanha longevidade da população?

Como funciona no Brasil?


A mesma pesquisa apontou o Brasil muito atrás, utilizando em média menos de um sexto do que o Japão usa: 2,3 quilos por hectare.

Não que esse número precisa ser maior, até porque nós temos muito espaço para plantar: sem qualquer necessidade de desmatamento, ainda existem no Brasil cerca de 70 milhões de hectares livres.

É uma quantidade muito grande tanto para lutar contra o problema da fome no nosso país, como para fortalecer a economia com exportações.


A maior parte dos agrotóxicos no Brasil são usados nas lavouras de soja, algodão, cana-de-açúcar e milho.

A maioria dessas coisas não chega à sua mesa: a maior fatia da primeira é usada na alimentação de bovinos, a segunda, na produção de roupas, a terceira, majoritariamente, em etanol.


Imagine um mundo no qual há uma escassez de carne, roupas e combustíveis. Esse seria um futuro provável caso houvesse não utilização de defensivos agrícolas nessas lavouras.

O mundo passaria fome sem defensivos agrícolas?


A população do planeta Terra mais do que dobrou de 1960 para cá: de 3 bilhões de habitantes, passamos para mais de 7 bilhões.

A quantidade de terra disponível para cultivo, porém, tende a diminuir: técnicas erradas de cultivo levam porções de solo que antes eram férteis a não serem mais.

Tudo isso enquanto a demanda por alimentos sobe vertiginosamente (e também por outras coisas como roupas e combustíveis, como citamos acima). Mais do que nunca, a produção precisa ser feita em larga escala.


Pragas agrícolas existem no mundo inteiro, mas elas são piores onde o clima é tropical.

Países que possuem inverno rigoroso têm uma barreira automática contra os agentes destruidores, já que o frio se encarrega de matá-los durante uma parte do ano.

Em lugares como o Brasil isso não acontece: eles se proliferam o tempo inteiro, sempre ameaçando e prejudicando as lavouras.

Vivemos em uma região onde não há como cogitar a não utilização dos defensivos agrícolas.


Como a demanda por alimentos é cada vez maior e as terras para cultivo diminuem, é cada vez mais difícil lidar com boa parte das safras se tornando inúteis pela agência das pragas.


Isso tem um significado claro: escassez. E quem sofre com isso é a humanidade, que vê efeitos colaterais surgirem de diversos lados.

Como um aumento nos preços, já que a oferta é menor, e apenas uma parte da população tendo o poder de compra de itens fundamentais para a sobrevivência.


A estimativa da ONU é que em 2050 a população mundial deve alcançar 10 bilhões de pessoas.

Mais bocas ainda para se alimentar e corpos para se vestir. A produção orgânica de alimentos é, em média, 34% menos eficaz.


Dessa forma, é fácil concluir que essa cruzada contra os defensivos agrícolas não tem consequências positivas.

Mas sim, que pode levar a uma grande catástrofe com a população espalhada pelo mundo sofrendo com a falta de alimentos.


Enquanto as pesquisas continuam desenvolvendo produtos cada vez mais seguros e eficientes, notícias que circulam na internet fazem você pensar no paraíso que seria o mundo se eles não existissem.


Não caia nessa, busque sempre saber qual é a realidade do planeta. Os agroquímicos são fundamentais para a sobrevivência humana na condição atual de superpopulação da Terra e sem eles haveria apenas distopia, não utopia.


O Japão tem nos indicado o caminho para o sucesso: longevidade e comida na mesa através de culturas diversas em pequenos espaços e um uso parcimonioso dos defensivos agrícolas.

Que o resto do planeta consiga aprender como alimentar a todos, mesmo
quando há uma enorme densidade demográfica.

Fonte: AgroSaber
















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