A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp),
por meio da Superintendência Educacional de Segurança Pública, formou,
nesta sexta-feira (29/10), mais uma turma do curso Operações com Cães em
Ambientes Carcerários. Um total de 40 policiais penais que atuam no
Grupo de Operações com Cães (GOC), do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), participaram do curso em que houve troca de experiências, profissionalização e padronização de processos de trabalho.
O curso intensivo de 100 horas/aula teve como objetivo qualificar e
padronizar os policiais para realizarem procedimentos operacionais com o
auxílio de cães, desenvolver habilidades para que este manejo e
adestramento sejam seguros e preparar os animais desde o nascimento para
a atuação em ambiente prisional.
O conteúdo programático da formação, com aulas práticas, teóricas e
treinamentos físicos, conta com dez disciplinas como noções de
veterinária, legislação aplicada, noções de intervenção em unidades
prisionais, rotinas administrativas, comportamento animal aplicado,
técnicas de adestramento e Protocolo MARC 1 - Atendimento Pré-Hospitalar
de Combate (APH). O Protocolo MARC 1 tem como objetivo capacitar o
policial para manter vivo o operador da segurança pública que tenha sido
atingido em uma situação de conflito até a chegada em uma unidade
hospitalar para socorro.
Retorno
Para o coordenador do curso de Operações com Cães em Ambiente
Carcerário, Ivo Martins, investir em qualificação é a garantia de um
trabalho de excelência na ponta. “Nós temos muitos policiais que atuam
com cães há cerca de 15, 20 anos e que não estão atualizados. A nossa
ideia é profissionalizar e atualizar todos eles, ensinando novas
técnicas de adestramento e de atuação com cães, fazê-los compreender
sobre os diferentes comportamentos dos animais, além de padronizar
processos e dar a eles noções administrativas também”, explica.
Atualmente, 320 policiais penais atuam nos mais de 50 canis do GOC em
todo o estado. E, de acordo com o Ivo, “ao final, quando todos policiais
tiverem realizado esse curso, teremos um GOC mais preparado, mais
padronizado, mais especializado e com uma capacidade de operação muito
mais eficiente e mais profissional”.
Bruno Henrique Silva Vieira, 26 anos, é policial penal no Presídio de
Pirapora I e atua com cães há pouco mais de um ano. Ele disse estar
feliz em ter concluído o curso e que fará muita diferença para a
execução de seu trabalho. “Este curso é muito importante no que diz
respeito à padronização do trabalho e processos do GOC. Aqui em Belo
Horizonte, por exemplo, há um padrão na forma de conduzir o cão, nos
comandos de treino e adestramento. Eu saio daqui me sentindo mais
qualificado, mais preparado e um profissional muito melhor, sabendo que
posso chegar em qualquer canil do estado e atuar”, contou.
Policial penal no GOC há 11 anos, Cleber do Carmo Brandão, 48 anos, atua
em Pouso Alegre e disse ter ficado surpreso com a qualidade do corpo
docente. “Quando eu cheguei aqui, achei que seria só mais um curso. Mas
com o passar dos dias e das aulas me surpreendi com a qualidade do que
nos foi oferecido. Com certeza, fez muita diferença para a atuação de
todos aqui”.
Cleber acrescentou que foram dez dias intensos de aulas teóricas e
práticas, e que cada minuto valeu. “Seremos profissionais infinitamente
melhores depois de tudo o que vimos neste curso. Eu acredito que muita
gente estava desatualizada das técnicas e que está saindo daqui bem
melhor e mais profissional do que quando chegou, há duas semanas”;
concluiu.
Esta foi a quarta turma do curso. A primeira de 2021 após a interrupção,
em março do ano passado, devido à pandemia. A ideia é que mais seis
turmas participem até que toda a tropa do GOC tenha concluído a
capacitação.
Os cães do GOC
O Grupo de Operação com Cães do Depen-MG atua, principalmente, em
parceria com o Grupo de Intervenção Rápida (GIR) dentro das unidades
prisionais do estado. São cerca de 300 cães que auxiliam os policiais
penais em suas rotinas de trabalho em situações de faro, segurança,
imobilização e captura.
O cão de faro é especialista em localizar materiais ilícitos como
drogas, aparelhos celulares ou explosivos que, porventura, tenham
entrado nas unidades prisionais. Já o cão de captura é usado nas rondas
de rotina ou na escolta durante o banho de sol, auxiliando em possíveis
contenções, impedindo tentativas de fuga e, até mesmo, na busca e
captura de foragidos.
Atualmente, a maioria dos cães que trabalham no sistema prisional mineiro é cria dos canis das próprias unidades e começa os treinamentos ainda filhote, aos dois meses de idade. No início, os cães aprendem obediência de comandos básicos e socialização com os policiais. Conforme vão crescendo, recebem treinamentos específicos para as funções que irão desempenhar.
Na rotina dos canis alguns cuidados simples são indispensáveis por
parte dos policiais, como estabelecer períodos de descanso durante os
treinos e alimentação balanceada, disponibilizar água fresca, garantir a
manutenção da limpeza dos boxes onde os cães ficam, além de prezar
pelos exames rotineiros para monitorar e cuidar da saúde dos animais.
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