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Foto do escritorRádio AGROCITY

Cemaden registra recorde de alertas e mais de 1,6 mil ocorrências de desastre no Brasil em 2024

Expansão da rede de sensores e aumento do número de eventos refletiram nos 3,6 mil alertas emitidos


Sala de Situação do Cemaden, no Parque de Inovação Tecnológica em São José dos Campos (SP)

Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), emitiu 3.620 alertas de desastres em 2024. O número divulgado nesta quarta-feira (8) é o maior desde o início das atividades de monitoramento em 2011. A ocorrência de desastres, ou seja, de eventos registrados, foi de 1.690, terceiro maior registro da série.


Cerca de 53% dos alertas emitidos em 2024 foram de risco geológico, relacionados sobretudo a processos geodinâmicos, como deslizamentos de terra. Os demais 47% foram associados a riscos hidrológicos, como enxurradas e transbordamentos de rios e córregos.


Em relação às ocorrências registradas, 68% foram de origem hidrológica, enquanto 32% foram de origem geológica. Segundo o Cemaden, a predominância de eventos hidrológicos reflete os impactos recorrentes das enchentes e enxurradas, notadamente em áreas urbanas mais vulneráveis.


Divulgação Cemaden

Os alertas e as ocorrências registradas pelo Cemaden no ano de 2024 estiveram concentrados nas grandes regiões metropolitanas do país, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador. De acordo com o órgão, essa concentração também foi verificada em anos anteriores, refletindo a alta densidade populacional das áreas e a vulnerabilidade inerente às regiões urbanas, especialmente nas regiões Sudeste e Sul. Também há distribuição de ocorrências de desastres em áreas costeiras do Nordeste, evidenciando a importância do monitoramento em diferentes contextos geográficos.


Para a diretora interina do Cemaden, Regina Alvalá, os números reiteram a necessidade de ações integradas, com investimentos na gestão de riscos, bem como em ações em que as comunidades melhorem a percepção do risco. “O crescente aumento de alertas emitidos e de ocorrências nos municípios corroboram balanços anteriores e a premente necessidade de investimentos integrados, tanto na gestão de riscos e de desastres, quanto na necessidade do aumento da percepção de riscos. Portanto, investimentos em ações estruturantes e não-estruturantes devem ser prioridades nos novos governos municipais que assumiram as prefeituras recentemente”, avalia Alvalá.


Desastre x evento extremo


O diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade do MCTI, Osvaldo Moraes, explica que alerta de desastre não é sinônimo de ocorrência de evento meteorológico extremo. “O desastre é o impacto do evento meteorológico e não apenas a ocorrência do evento. O Cemaden emite o alerta do potencial impacto que um evento intenso pode ocasionar”, afirma. O impacto depende das condições e vulnerabilidades de cada localidade.


Moraes também destaca que o trabalho do Cemaden é altamente localizado e detalhado, ou seja, identifica o município e a tipologia de desastre, indicando a possibilidade de movimento de terra e/ou de enchente, por exemplo. O diretor reitera ainda que desde a criação do órgão todos os desastres registrados foram alertados. O Rio Grande do Sul, atingido por enchente histórica entre abril e maio, tem 45 cidades monitoradas pelo Cemaden, incluindo Porto Alegre. Todo o estado teve acesso às previsões de riscos geo-hidrológico providas diariamente, assim como outras mesorregiões de todo o país podem se municiar das previsões.


“Nenhum dos desastres que impactaram as comunidades e chocaram a população brasileira deixaram de ser alertados com antecedência pelo Cemaden. Em outras palavras, o uso da ciência e da tecnologia, por essa unidade de pesquisa do MCTI, é o exemplo típico de como a ciência pode ser traduzida em resultados práticos e relevantes para subsidiar ações de respostas", avalia Moraes.


Ranking de municípios


O ranking dos municípios em 2024 revela Manaus (AM) como a cidade com o maior número de alertas emitidos pelo Cemaden, totalizando 50. A lista é seguida por Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP), ambas com 41 alertas. No que diz respeito às ocorrências, Petrópolis (RJ) lidera com 44 registros, seguida por Salvador (BA), com 33, e São Paulo (SP), com 27. Para o Cemaden, os dados refletem características geográficas, climáticas e socioeconômicas que tornam as localidades propensas a desastres de origem geo-hidrológica.


Segundo o Cemaden, o balanço de alertas e ocorrências de desastres de 2024 reforça a relevância do monitoramento contínuo e da análise detalhada das dinâmicas de desastres no Brasil. A concentração de eventos em áreas urbanas, juntamente com a predominância de certas tipologias, ressalta a necessidade de estratégias integradas de mitigação e respostas, especialmente nos municípios que apresentam o maior número de áreas de risco. Essa abordagem é fundamental para reduzir impactos futuros e aumentar a resiliência das comunidades afetadas.


A análise dos alertas e das ocorrências ao longo dos anos demonstra um crescimento constante, que está relacionada à expansão do número de municípios monitorados, e ao aumento do número de eventos extremos de chuva e suas consequências.


Sobre o trabalho do Cemaden


O Cemaden monitora ininterruptamente riscos de desastres, considerando mapeamentos de áreas de risco geo-hidrológicos e as chuvas registradas em cada município, isto é, foca os riscos de deslizamentos, inundações, enxurradas, enchentes. Atualmente, o órgão monitora 1.133 municípios brasileiros, o que corresponde a 20% das cidades brasileiras e cerca de 60% da população do país.


Os alertas são enviados pela sala de situação do Cemaden às defesas civis dos municípios alertados e à Defesa Civil Nacional, responsável por coordenar as ações com as defesas civis dos estados e municípios no que concerne às ações de respostas.


A plataforma Reindesc do CEMADEN permite a contabilização de ocorrências individuais ou a agregação de várias ocorrências dentro de um município e período determinado, caracterizando um evento. A opção por contagem de ocorrências ou eventos depende dos objetivos específicos dentro da Sala de Situação do Centro.


A partir de 2024, com objetivo de padronizar dados, adotou-se para o balanço geral a contabilização individual de ocorrências, e não mais o número de eventos, em que cada um pode conter múltiplas ocorrências.Devido ao ajuste, os dados da série histórica, a partir de 2016, quando o Cemaden passou a monitorar 959 municípios, foram revisados.


Os boletins diários de Previsões de Riscos Geo-Hidrológico podem ser vistos em https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/riscos-geo-hidrologicos, enquanto os alertas vigentes em tempo real são disponibilizados em http://www2.cemaden.gov.br/painelalertas.





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