Belo Horizonte tem nove centros de
convivência, um em cada região da cidade. São serviços de saúde mental
que, seguindo as diretrizes da reforma psiquiátrica antimanicomial,
oferecem diversas oficinas de arte e artesanato às pessoas com
sofrimento mental. Os centros de convivência possibilitam o laço social,
a partir de um trabalho que se desenvolve em rede com as áreas da
Saúde, Assistência Social, Educação e Cultura. Por meio da arte e do
artesanato os participantes aprimoram o seu potencial criativo e ampliam
o seu convívio social.
O Centro de Convivência São Paulo,
região Nordeste, foi o primeiro a ser implantado na cidade. Inaugurado
em maio de 1993, o serviço recebeu, à época, os egressos dos hospitais
psiquiátricos e os casos atendidos nos ambulatórios dos centros de
saúde. “Iniciativa bastante desafiadora na época, pois o centro de
convivência foi implantado dentro de um centro comunitário onde havia
atividades para um público diversificado, inclusive crianças e
adolescentes”, afirma a gerente do Centro de Convivência São Paulo,
Marta Soares, que coordena o serviço desde 1996.
Instalado no Centro de Apoio Comunitário
(CAC) São Paulo (rua Aiuruoca, 501, bairro São Paulo), o equipamento
atende cerca de cem usuários da rede de saúde mental da região Nordeste.
No espaço são ofertadas oficinas experimentais de arte e cultura como
bordado, música, teatro, mosaico, culinária, artesanato, literatura,
desenho e pintura, além de rodas de conversas, Lian Gong e modalidades
esportivas. Os usuários também têm à sua disposição uma turma da
Educação de Jovens e Adultos (EJA) que funciona dentro do CAC São Paulo.
“Nos 25 anos de funcionamento do Centro
de Convivência São Paulo, contabilizamos muitos casos de superação de
preconceitos, de inclusão produtiva, de retorno aos estudos e de muita
fertilidade no campo da arte. O equipamento é visto hoje como um lugar
de promoção de vida e de novas práticas em saúde mental”, ressalta Marta
Soares.
Arte, superação e liberdade
A arte ganha, cada vez mais, espaço nos
centros de convivência. Por meio dela, os usuários expressam a sua
concepção de mundo e exteriorizam os seus sentimentos. Muitos trabalhos
produzidos se transformaram em exposição. As produções artísticas dos
integrantes do Centro de Convivência São Paulo, por exemplo, já foram
apresentadas nos espaços Palácio das Artes, CentoeQuatro e no Cine
Theatro Brasil Vallourec.
Sérgio Guilherme, 65 anos, é um dos
usuários do Centro de Convivência São Paulo. Ele participa das
atividades há 15 anos e tem o equipamento como se fosse a sua própria
casa. “Eu vim para o Centro de Convivência São Paulo por indicação do
médico do centro de saúde do meu bairro e como a minha vida melhorou. A
convivência aqui é muito boa, todos se respeitam, sentem-se livres e
aprendem muitas coisas. Eu, por exemplo, aprendi a fazer tapetes e nesta
oficina eu exercito a minha paciência, que era muito pequena”, disse
Sérgio.
Outro movimento que mobiliza os
beneficiários do Centro de Convivência São Paulo todos os anos é o
desfile da escola de samba “Liberdade Ainda que Tam Tam”, em comemoração
ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, em 18 de maio. Os usuários
participam da produção das fantasias e adereços, na elaboração do tema
de cada desfile, na composição dos sambas e também na articulação da
comunidade e dos familiares.
Funcionamento
Os centros de convivência funcionam de
segunda a sexta-feira, das 8 às 18h. O acesso é por meio de
encaminhamento de algum serviço de saúde, como o centro de saúde e
Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM).
Atualmente a capital conta com três
Centros de Referência em Saúde Mental - Álcool e outras Drogas
(CERSAM-AD), nas regiões Pampulha, Barreiro e Nordeste; dois Centros de
Referência em Saúde Mental Infantil (CERSAMI); o Serviço de Urgência
Psiquiátrica (SUP); oito Centros de Referência em Saúde Mental (CERSAM);
nove Centros de Convivência, quatro equipes de Consultórios na Rua e
duas unidades de acolhimento transitório, uma adulto e outra infantil.
A Rede conta também com 152 equipes de
saúde mental nas unidades básicas de saúde; 9 equipes do Arte da Saúde; 9
equipes complementares; além do Centro Mineiro de Toxicomania (CMT) e o
CEPAI, que pertencem à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais
(FHEMIG) e estão gradualmente sendo integrados à rede.
Fonte: Site PBH
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