“Descobri aqui uma flor amarela que atrai uma libélula que come o mosquito da dengue.” Foi assim que a estudante da Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, na região da Pampulha, Nayara Kathleen Santos da Cruz, de 11 anos, se referiu à Crotalaria juncea, uma espécie de leguminosa que atrai a libélula, inseto predador do mosquito da dengue. Assim como o Aedes aegypti, a libélula também deposita seus ovos em água parada. Suas larvas se alimentam das larvas do mosquito transmissor da dengue, acabando com aquele foco. O mesmo acontece com a libélula adulta, que se alimenta de pequenos insetos.
E onde a estudante aprendeu tudo isso? Nas aulas da Horta Escolar, uma das atividades desenvolvidas na instituição por meio do Programa Escola Integrada. Presente na totalidade das escolas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, o programa oferece atividades diversas como jogos, brincadeiras, aulas de música, teatro, dança, entre outros, que contribuem efetivamente no desenvolvimento pessoal, social, moral e cultural dos estudantes.
E onde a estudante aprendeu tudo isso? Nas aulas da Horta Escolar, uma das atividades desenvolvidas na instituição por meio do Programa Escola Integrada. Presente na totalidade das escolas da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte, o programa oferece atividades diversas como jogos, brincadeiras, aulas de música, teatro, dança, entre outros, que contribuem efetivamente no desenvolvimento pessoal, social, moral e cultural dos estudantes.
Primeiras sementes: o início do projeto
Na Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, as temáticas de Meio Ambiente sempre foram tratadas nas aulas do Ensino Regular, o que gerava nos professores o desejo de construir uma horta. “Tínhamos um espaço ocioso nos fundos da escola onde foram construídos canteiros, mas era difícil conseguir uma pessoa para se dedicar exclusivamente à horta”, explicou a Diretora Rosilana Pereira Rocha.
Após a participação da escola no Programa Eco-Escola BH e de cursos de formação para professores, foi possível sistematizar o trabalho pedagógico com a Horta Escolar. “Logo, a Solange que inicialmente era mediadora de alfabetização, se interessou pela horta e nos ajudou a envolver toda a comunidade escolar neste trabalho rico e significativo para nossa escola”, afirmou a diretora.
Cultivando plantas e amizades
Monitora do Programa Escola Integrada na Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, Solange Barbosa Braga coordena as atividades da horta desde janeiro de 2018, atendendo cerca de 40 crianças, de 6 a 14 anos, por dia nos dois turnos. Com as devidas orientações, as crianças fazem o preparo da terra, o plantio das mudas e sementes, a organização dos recipientes onde as plantas são cultivadas, a limpeza da horta e, claro, a colheita dos legumes e hortaliças. Há mudas plantadas em todo tipo de recipiente: pneus, botas, latas, caixotes de madeira, vasos e em qualquer outro local onde a criatividade permite.
“Esta é uma atividade capaz de envolver a todos. Os pais doam os pneus e outros recipientes. Os professores trazem as sementes e mudas. Surgem as amizades e é também um momento de desabafar sobre o que aflige o coração deles”, conta Solange.
Assim como a Nayara, que se diverte com as atividades da horta, a estudante Bianca Rodrigues, de 11 anos, participa do cuidado com a horta desde que a atividade começou. “Eu pensava que para plantar era só abrir um buraquinho na terra e jogar a semente. Mas agora aprendi que tem um jeito especial de mexer a terra e colocar a sementinha lá”, conta, entusiasmada.
Salsinha, cebolinha, coentro, manjericão e alho são alguns dos temperos cultivados na horta, além das verduras, legumes e hortaliças como couve, alface, tomate, jiló e pepino. Toda a produção é muito utilizada na merenda escolar. Cozinheira na escola há seis anos, Patrícia da Cruz Santos acha ótimo ter uma horta à disposição. “É bom porque os meninos aprendem aqui e ensinam em casa, além de aprenderem a comer melhor”, afirma.
Para o estudante Vitor Eduardo Rodrigues Gonçalves, de 8 anos, a oficina preferida no Programa Escola Integrada é a Horta Escolar: “Fico torcendo para chegar a hora de ir para o Mundo da Batata Doce. É uma área no fundo da horta, onde plantamos só batata-doce. Teve um dia que levei para casa algumas mudas de cebola e ensinei minha mãe a plantar no terreiro lá de casa. Agora estou molhando as plantas quando chego da escola. Aprendi a gostar de comer tomate, batata-doce e cebolinha”, comemora.
Diversão e aprendizado
Entretanto, a Horta Escolar não é só brincadeira e diversão. Os estudantes aprendem, de maneira interdisciplinar, sobre as propriedades das plantas cultivadas nas diversas disciplinas que abordam este tema e contam também com o apoio da assistente do Programa Saúde na Escola que aborda a importância dos alimentos saudáveis e suas propriedades nutritivas.
Estudante do 1º ciclo, Danilo Augusto dos Santos Ferreira, de 6 anos, aprendeu muito com o cultivo da horta. “Eu gostei de descobrir como as plantinhas nascem e crescem e aprendi que muitos legumes que eu pensava que tinham gosto ruim são gostosos. Eu acho muito legal produzir inseticidas naturais com folha de mamona e estou ensinando isso para os meus pais”, afirma orgulhoso.
Além dos legumes, verduras e temperos, a horta tem uma grande variedade de flores. O que a aluna Ana Paula Braga, de 11 anos, mais gosta é de plantar. “Já plantei cebola, tomate e alface e aprendi a gostar de beterraba. Para mim, a planta mais curiosa que temos aqui é a flor do gelo. Ela é toda pintadinha de branco e parece que tem flocos de neve”. A colega Ana Luísa Reis, de 13 anos, gosta mesmo é das flores. “Porque são bonitas e chamam a atenção. Para mim, a horta representa alegria”, diz.
Os amigos Nicollas Costa, de 13 anos; Fábio Rodrigues, de 12 anos e Álvaro Moreira dos Anjos, também de 12 anos, participam da horta desde o início e cada um tem sua preferência: plantar, comer e colher, respectivamente. Para cada um deles, a horta tem um significado especial. “Representa alegria, amizade e vida”, disseram.
Coordenador do Programa Escola Integrada na Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, Rodrigo Borges de Oliveira explica que o trabalho com a Horta Escolar é muito mais do que uma questão de estética, beleza ou paisagismo. “É uma questão de ensino e aprendizagem, pois serve tanto para os estudantes aprenderem a plantar e a colher como também para aprender que em qualquer espaço ou recipiente, mesmo pequeno, podemos fazer uma bela produção, uma bela horta”, relata.
Fonte: PBH
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