Estudantes de escolas municipais participam de evento contra a Automutilação

Foto: Andréa Moreira/PBH


Para marcar a Semana de Prevenção, Conscientização e Combate à Automutilação, na segunda semana do mês de setembro, a Prefeitura de Belo Horizonte promoveu diversas atividades intersetoriais em escolas da região da Pampulha, movimentando mais de dois mil estudantes de escolas municipais. O objetivo foi conscientizar estudantes, pais, responsáveis e profissionais sobre a questão da violência autoprovocada envolvendo crianças e adolescentes.

No período de 9 a 13 de setembro, a Prefeitura de Belo Horizonte realizou uma extensa e diversificada programação em escolas da regional Pampulha, envolvendo as políticas de saúde, educação e assistência social. Os estudantes participaram de rodas de conversas, brincadeiras, danças, teatros, oficinas de arte, palestras, apresentação de filmes, entre outras, que incluíram tambémfamiliares e professores.

Moradora do bairro Confisco, Jenifer Sales acompanhou os sobrinhos Eric Felipe e Camili Rebeca, participantes do projeto Verena, nas atividades realizadas pelo Centro de Saúde Confisco na praça do Confisco. Para ela, é muito importante trabalhar com as crianças, dando-lhes a oportunidade da falar de seus sentimentos. “É bom que elas se sintam à vontade para se abrirem quando sofrerem bullying ou discriminação na escola, por exemplo. Infelizmente aumentou muito o número de suicídio entre os jovens porque ficam angustiados, depressivos e não contam pra ninguém”, disse.

As rodas de conversa, palestras e filmes trabalharam a conscientização sobre o tema do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. Já as atividades lúdicas foram bem diversificadas e tiveram o objetivo de resgatar as brincadeiras, promover a interação entre os estudantes e valorizar a vida.

A oficina de camisetas temáticas aconteceu na Escola Municipal Santa Terezinha com a proposta de reunir estudantes de turmas diferentes e pintar as camisetas com temas alusivos ao Setembro Amarelo. “Devemos usar este momento para valorizar a vida, se solidarizando com a vida alheia. Necessário também estender esta ação para todos os meses do ano”, afirmou o professor de artes, Marcel Diogo.

Participante da oficina, Maria Eduarda Santos Cardoso, 13 anos, estuda na Escola Municipal Santa Terezinha há menos de um mês e contou que, na escola onde estudava, era comum as amigas se cortarem. “É importante fazer este tipo de campanha para as pessoas saberem que elas não estão sozinhas”, disse.

A estudante Sara Ferreira Borges, 14 anos, participou da Roda de Cooperação, conduzida pela equipe do Centro de Saúde Santa Terezinha, que trouxe dinâmicas e reflexões sobre a motivação e a importância da pessoa buscar ajuda quando se sentir entristecida. Para a estudante, é necessário que todos estejam atentos para o que acontece com os jovens. “A adolescência é uma fase muito difícil, de muitos conflitos. Se todo mundo ajudasse, acho que iriam diminuir esses casos de suicídio”, considerou.

O estudante Enzo Tadeu do Rosário Siqueira, 11 anos, fez a oficina de Contação de Histórias. Por meio das histórias “A abelhinha Zuzu” e “Ernesto”, a escritora e contadora de histórias Wilma de Oliveira tratou sobre a questão do bullying, as consequências dessa prática e as formas de superá-las. Mesmo tão jovem, o estudante Enzo entendeu o recado. “Essa campanha é para valorizar a vida e evitar o suicídio. Eu acho que a gente não deve se importar com o que as pessoas dizem de ‘mau’ da gente pra gente não ficar triste”, afirmou.

As amigas Eduarda Vitória dos Santos, 13 anos, e Ana Clara Gonçalves, 14 anos, assistiram ao filme “As melhores coisas do mundo”, que trata sobre os conflitos da adolescência. Para elas, a campanha serve para despertar as pessoas para o problema do suicídio de jovens, mas não deve se concentrar apenas em um dia. “É importante para que as pessoas tenham a ajuda que elas precisam nos momentos de sofrimento.”

Para a diretora regional de Saúde Pampulha, Elisane Rodrigues, aproximar os adolescentes dos profissionais de saúde, educação e assistência social possibilita a reflexão e abertura para a fala. “Esta aproximação para escuta deve permanecer como prática sistemática pelo seu enorme potencial de entender e atuar sobre o fenômeno da violência autoprovocada nesse público”, disse.

Lei municipal


Instituída pela Lei 11.180 de 30 de julho de 2019, a Semana de Prevenção, Conscientização e Combate à Automutilação tem por objetivos auxiliar e envolver a sociedade na prevenção dessa prática e orientar os pais a desenvolver medidas que ajudem crianças e adolescentes a superar situações geradoras de sofrimento psíquico e emocional, buscando afastá-los da prática da automutilação.

Na Pampulha, o fenômeno da violência autoprovocada em crianças e adolescentes já tem sido objeto de estudo pelo Grupo de Trabalho de Promoção da Saúde na Pampulha.Composto por gestores e trabalhadores que atuam na Coordenadoria Regional e nas unidades de saúde da Pampulha, o grupo de trabalho foi criado em junho de 2017 com o objetivo de construir conhecimentos para a prevenção e o enfrentamento de situações de violência nas suas diversas formas.

Desde outubro de 2018, o grupo tem se aprofundado na temática da automutilação e, em março de 2019, iniciou o projeto “Ampliando a Sala de Aula”, com atividades em uma escola da região para ajudar os profissionais da educação a lidar com esta realidade. A proposta é buscar estratégias conjuntas de enfrentamento deste fenômeno, realizando atividades com os estudantes e famílias.

A automutilação é entendida como qualquer agressão consciente, intencional e dirigida ao próprio corpo no intuito de obter alívio para algo psiquicamente incontrolável. Pode estar relacionada a dificuldades dos adolescentes em lidar com questões familiares, sociais, escolares e emocionais; problemas com bebidas ou uso de drogas; violência e traumas de infância, entre outras questões. Relações familiares e sociais saudáveis, altos níveis de autoestima, adoção de estilos de vida saudáveis, identificação e tratamento precoce de transtornos depressivos, promoção de ambientes de escuta e acolhimento aos jovens, são algumas das formas de prevenção à violência autoprovocada.

Fonte: Site PBH

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