A sala de aula não é como as demais, com carteiras enfileiradas, quadro e professor, mas o reforço no aprendizado dentro dos hospitais tem papel fundamental para crianças impossibilitadas de deixar os centros de saúde. No Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), em Belo Horizonte, cerca de 70 pacientes, a partir de 6 anos, recebem atendimento educacional especializado.
É o caso da Rayssa Sthefane, de 12 anos, que, para chegar à sala de aula, precisa dar apenas alguns passos pelo corredor do hospital. “Ajuda a não perder o ritmo da escola, é legal”, diz a garota”. A mãe, Jane Batista, também elogia a iniciativa. “Ela teve uma melhora muito grande desde que foi transferida para o João Paulo II, há nove dias. As classes são uma maneira de descontrair aqui dentro”.
Após a internação de uma criança, a pedagoga da unidade infantil ligada à Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) aborda a família do paciente e, em seguida, faz contato com a escola em que ela está matriculada para se informar sobre o conteúdo que está sendo ensinado. Na maioria dos casos, a própria instituição de ensino envia as atividades para o hospital, incluindo as provas que serão aplicadas.
Segundo a responsável pela classe, Maria da Penha Barcelos Nascimento, as faltas não são abonadas, e, sim, justificadas. “Conversamos com a direção da escola a respeito do tempo em que as crianças vão ficar distantes, legitimamos a ausência nas aulas, e, na saída, elas levam um relatório atestando o que aprenderam aqui”, explica.
O trabalho independe do tempo que a criança ficará internada. Quando ela não pode ir à sala onde acontecem as aulas, no caso, por exemplo, daquelas com precaução de contato, a pedagoga vai até o leito. “Ninguém fica sem o atendimento da pedagogia hospitalar”, frisa. Maria da Penha lembra que a classe hospitalar é tão poderosa quanto a medicação no tratamento, por ser uma forma de reduzir a ociosidade e trazer expectativa de futuro.
“As aulas os ajudam a pensar que vão sair daqui e dar a volta por cima, independentemente do problema que estão vivenciando. Muitos, inclusive, chegam a dizer para os médicos que gostariam que a escola fosse igual à classe hospitalar, o que pode estar relacionado ao tratamento e à atenção que recebem, que são, com frequência, individualizados”, diz. O trabalho educacional dentro da unidade de saúde também é valorizado pelas famílias, que ficam surpresas ao conhecer esse tipo de serviço. “Ao receberem alta, nos procuram para agradecer. Em muitos casos, conseguimos que eles saiam daqui até mesmo sem as dúvidas que tinham em determinadas matérias. É gratificante”, conta Maria da Penha.
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