Agro pode crescer 40% até 2050 com tecnologia e produção sustentável


É perturbador saber que cerca de 900 milhões de pessoas se encontram famintas ou subnutridas. São também impressionantes os fatos de que a população mundial de 7,1 bilhões alcançará 9,1 bilhões no ano de 2050, correspondendo a um aumento de 43% em 42 anos, e que a oferta de alimentos vai ter que atingir quantidades bem superiores às atuais para atender a essa demanda.

A fome não é fato novo na história mundial


O risco de o crescimento populacional não ser acompanhado pelo aumento da produção de alimentos foi estudado pelo economista inglês Thomas Robert Malthus (1768-1834) há aproximadamente 200 anos. Por isso, é cada vez mais necessário o desenvolvimento de novas tecnologias para ajudar a agricultura a produzir alimentos de forma sustentável e socialmente responsável.

Novas tecnologias


Um exemplo disso é a prática da Agricultura de Precisão, caracterizada pela aplicação de forma variada de fertilizantes, defensivos agrícolas e outros insumos, conforme as necessidade das diversas áreas da uma mesma lavoura.

A Agricultura de Precisão se refere ao gerenciamento localizado de culturas e foi introduzida como prática em prol da produtividade.

A tecnologia surgiu da observação de que os requisitos para aplicação de calcário variavam bastante para um mesmo talhão e que seria importante a aplicação diferenciada no campo, de forma que o calcário pudesse satisfazer a necessidade de cada local.

Este conceito, embora tenha sido utilizado por algum tempo, foi abandonado quando os equipamentos de tração mecânica passaram a predominar na agricultura.

Hoje com a disponibilidade de microcomputadores, sensores e sistemas de rastreamento terrestres ou via satélites, a Agricultura de Precisão passou a ser comum em muitas lavouras, contribuindo para a sustentabilidade da agricultura.

Com o aparecimento de sistemas de informações geográficas e de rastreamento via satélite, o conceito de gerenciamento localizado de culturas pode ser estendido para o monitoramento de outras operações que não necessariamente aquelas de aplicações localizadas de insumos, mas também para o levantamento de mapas de fertilidade de solos, o monitoramento de colheitas, ou de outras operações mecanizadas.

Hoje pode-se definir a Agricultura de Precisão como um conjunto de técnicas que permitem o gerenciamento localizado de culturas. Uma outra tecnologia que muito tem contribuído para a sustentabilidade na agricultura é o Melhoramento Genético. Essa uma arte, ciência e negócio de alteração genética das plantas para benefício do homem.

Esta tecnologia tem desenvolvido variedades mais tolerantes aos diferentes estresses bióticos que afetam as lavouras como pragas, doenças, secas, elevados níveis de alumínio tóxico no solo, dentre outras, que exigem menor aplicação de insumos.

As variedades melhoradas mais produtivas também têm sido apontadas como fator de sustentabilidade da agricultura, pois permitem que uma mesma produção seja obtida em menor área, reduzindo a pressão pela adição de novas áreas ao sistema de produção agrícola.

Outras tecnologias estão sendo aprimoradas e a expectativa é que elas terão cada vez maior relevância na agricultura. Dentre estas pode-se citar a nanotecnologia, biotecnologia entre várias outras.

Embora os desafios para se alimentar o mundo sejam enormes as perspectivas são ainda maiores, pois já temos tecnologias para assegurar uma agricultura eficiente e ecologicamente responsável.
 

Tendências


Megatendências como mudanças demográficas, urbanização acelerada, deslocamento do poder econômico para países emergentes, aquecimento global, escassez de recursos e avanços tecnológicos são alguns dos fatores que podem interferir na produção. Para alcançar esse potencial, os setores apresentam as suas estratégias:
Leite

“Como aumentar a produção em 40%? A resposta é uma só. Temos que ser mais intensivos, utilizar melhor os recursos disponíveis para a humanidade e respeitar os recursos finitos do meio ambiente”, diz Roberto Jank, vice-presidente da Abraleite.

Entre 1974 e 2016, a produção mundial de leite cresceu 374%, para 34 bilhões de litros, segundo a Embrapa. No Brasil o crescimento foi bem menor, 71%, o que equivale a 7 bilhões de litros de leite.

“A produção precisa ser intensiva, não importa o modelo. Assim a pegada de carbono é muito menor. Cabe a nós decidirmos as prioridades, mas o modelo de produção não é prioritário. Temos um milhão de produtores, grande parte em um sistema de baixa produtividade. Precisamos mudar o quadro de como produzir”, afirma.

Aves e suínos


“Somos indiscutivelmente o grande fornecedor de proteína animal do mundo”, disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, lembrando que a produção brasileira tem um ótimo status sanitário. “Estamos livres de enfermidades globais.

Para Turra, a versatilidade e a qualidade são diferenciais da produção brasileira. “O sistema é inspecionado pelo Ministério da Agricultura e pelos 160 mercados consumidores que acessamos. Temos diversas certificações internacionais e recebemos mais de 1000 missões e visitas privadas todos os anos.”

O executivo projeta que, já em 2025, o consumo de aves vai ser maior que o da carne suína.

Vantagens como o custo de produção competitivo, programas de sanidade avícola e suína, além da integração entre os elos da cadeia e tecnologia própria devem assegurar a posição ocupada pelo Brasil.
 
CNA espera 2019 com safra maior e mais renda na agropecuária

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) espera um crescimento de 2% no Produto Interno Bruto da Agropecuária em 2019, além de um aumento de 4,3% no Valor Bruto da Produção (VBP).

De acordo com a CNA, o clima favorável e a incidência do fenômeno El Niño devem favorecer a produção agrícola brasileira no ciclo atual. E a colheita a ser feita no ano que vem deve superar a deste ano, estimada em cerca de 228 milhões de toneladas.

Fonte: AgroSaber

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