Em Julho Verde, Fhemig alerta para importância da prevenção do câncer de cabeça e pescoço


Neste mês, começa a campanha “Julho Verde”, que tem objetivo de conscientizar a população sobre o câncer de cabeça e pescoço e a importância de se fazer a prevenção. Referência estadual no tratamento da doença, o Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) alerta para a importância da auto-observação para um diagnóstico precoce.

Estão programadas atividades de capacitação de profissionais de Saúde e conscientização da população quanto à prevenção e ao diagnóstico. Devido à pandemia, os eventos vão ocorrer virtualmente, por meio de lives e produções de vídeo com a equipe do HAC.

A doença

O câncer de cabeça e pescoço engloba os tumores de boca, faringe, laringe, glândulas salivares, tireoide e pele. Esses estão entre os cânceres mais prevalentes na população, e entre os cinco tumores mais frequentes em homens, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) 2020. O Brasil registra cerca de 41 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço a cada ano, e um ponto que tem alarmado especialistas é o aumento da incidência dos tumores entre os jovens.  

De acordo com o especialista em cirurgia de cabeça e pescoço do HAC, Guilherme Souza, é fundamental reconhecer sinais e sintomas de alerta, visando o diagnóstico precoce. Feridas em cavidade oral, alterações na voz, massas cervicais, dor e dificuldade para engolir, com tempo de evolução superior a duas semanas são alguns dos primeiros indícios. Observar essas mudanças é fundamental para um diagnóstico precoce. 

“Etilismo e tabagismo são os principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço. Pessoas com familiares portadores da doença também têm risco aumentado”, alerta. O diagnóstico tardio deste tipo de câncer, que acontece em cerca de 60% dos casos, pode causar uma considerável perda de qualidade de vida, durante e após o tratamento.

Atenção aos sinais

O eletricista aposentado Wellington Rodrigues, de 57 anos, descobriu um câncer na laringe em 2016, um ano após o início de sintomas como tosse e rouquidão. Antes disso, chegou a ter uma parada respiratória em casa, em Curvelo, onde mora, além de uma embolia pulmonar, o que levou à sua permanência no CTI por quase um mês. Segundo sua esposa Aída Rodrigues, Wellington bebia e fumava, mas costumava praticar esportes. “Achávamos que era um resfriado. Ele não aceitava ir ao médico, mas quando começou a sentir falta de ar, viu que não tinha outro jeito”, conta.

O paciente teve seu diagnóstico definitivo depois da realização de uma biópsia no HAC, onde foi submetido a uma cirurgia para retirada de cordas vocais, laringe e tireoide, o que resultou, dentre outras sequelas, na perda de sua voz. O eletricista continuou o acompanhamento na unidade com a equipe multidisciplinar, e segundo a esposa, a recuperação foi boa, porque não havia outros agravantes. 

Em 2019, Wellington conseguiu uma prótese traqueoesofágica (PTE/laringe eletrônica) por meio de uma doação do Grupo de Acolhimento Câncer de Cabeça e Pescoço (GAL Minas Gerais). “Ele se adaptou muito bem, e isso fez tudo mudar, pois antes só eu o compreendia, e ele não tinha coragem de se comunicar com outras pessoas”, conta Aída. Hoje, Wellington realiza o acompanhamento no HAC de seis em seis meses.

Serviço do HAC

O HAC oferece a estrutura adequada para o tratamento completo dos pacientes, disponibilizando uma equipe multidisciplinar. A unidade realiza, em média, 240 atendimentos e 30 cirurgias por mês, somente pelos cirurgiões de cabeça e pescoço. “O hospital também conta com oncologistas, radioterapeuta, fonoaudiólogas, enfermeiras, fisioterapeutas, assistente social, psicólogos, além dos profissionais administrativos que garantem o funcionamento dos diversos setores. É uma equipe altamente especializada”, afirma o médico Guilherme Souza.

Segundo a referência técnica de Fonoaudiologia do serviço, Viviane Souza, estudos mostram que pacientes acompanhados por equipe multidisciplinar apresentam maiores índices de reabilitação e reinserção social e profissional. “Os pacientes acometidos por câncer de cabeça e pescoço são um grupo ainda estigmatizado pela sociedade em decorrência de deformidades craniofaciais comuns nesse tipo de neoplasia. Eles apresentam sequelas físicas, como danos na deglutição, na fala, no olfato, e na respiração, acompanhadas de deterioração social e emocional que podem impactar significativamente na qualidade de vida”, ressalta.

Atendimento na pandemia

O atendimento no HAC não foi interrompido com a pandemia, e nenhum paciente oncológico ficou sem tratamento. “Os pacientes são avaliados antes do atendimento ambulatorial e da internação hospitalar.  Quando apresentam sintomas de síndrome gripal, são encaminhados para serviços especializados em tratamento da covid-19”, explica o médico.

De acordo com Guilherme Souza, o hospital tem como prerrogativa ser livre de covid-19, pela natureza dos atendimentos e pela maior fragilidade dos pacientes oncológicos. “Vale ressaltar que o HAC é um dos únicos em Belo Horizonte que conseguiu manter, e até mesmo aumentar, o número de cirurgias oncológicas no período de pandemia”, ressalta.

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