Acostumada a trabalhar em unidades prisionais mistas, a diretora-geral do Presídio de Caxambu, Alessandra Duarte, teve uma ideia ao assumir a unidade feminina do Sul de Minas. O local precisava de reformas e manutenção e ela decidiu perguntar às detentas se elas gostariam de assumir os trabalhos como pedreiras.
“Fiz um levantamento com elas sobre quem tinha interesse e algumas aceitaram”, conta a diretora. E a ideia deu certo. Três presas quiseram participar e desde o dia 25 de maio estão colocando as mãos em cimento, tinta e ferramentas para reformar a unidade.
De lá para cá muitas melhorias já foram feitas, e outras ainda estão em andamento. Praticamente toda a unidade prisional será reformada. A portaria está sendo construída pelas presas, que também realizam a troca do piso da garagem de viaturas e a pintura de todas as áreas da unidade prisional, incluindo celas e pátio de banho de sol.
A próxima grande obra será a construção de um alojamento e um refeitório para os trabalhadores do presídio. As presas também realizam frequentemente serviços menores de manutenção e de adequações. Em troca, elas ganham remição de pena: a cada três dias trabalhados um é diminuído da sentença.
Segundo a diretora-geral da unidade, a iniciativa traz benefícios materiais e ressocializadores, tanto para o presídio como para as presas. “Vejo como o esforço e o trabalho estão mudando a realidade dessas mulheres e, ao mesmo tempo, construindo uma identidade positiva para elas. Esperamos que todas essas fases ruins sejam superadas e que, ao final, elas estejam prontas para a reinserção social", diz Alessandra.
Serviço
O custeio das obras vem de doações de parceiros, incluindo a Prefeitura de Caxambu e alguns voluntários. Em breve, será liberada também uma verba pecuniária para complementar os gastos. Na execução das atividades, as detentas contam com o apoio do policial penal Juliano Fernandes Aguiar e de um preso, cedido recentemente pelo Presídio de São Lourenço. Quando necessário, um mestre de obras do município vai ao local dar orientações.
As três presas nunca haviam trabalhado com essa atividade anteriormente. Roseli Aparecida de Oliveira, só tinha experiência como empregada doméstica. Agora, de 8h às 17h, de segunda a sexta-feira, ela está aprendendo outra profissão. “Apesar de parecer pesado, está sendo muito bom, tenho gostado do trabalho que faço. É um tempo prazeroso porque estou fora da cela e colocando a mão na massa”, conta.
A detenta já aprendeu a fazer cimento, pintar paredes, erguer muros, dentre outras atividades. “Nunca gostei de ficar parada e agradeço muito por essa oportunidade de fazer algo, mesmo presa”, afirma.
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