Desde o ano passado, a antiga estação de reciclagem de entulho do bairro Estoril, na região Oeste da capital, passa por uma importante transformação. Em breve, estará pronto o Centro Municipal de Agroecologia e Educação Ambiental para Resíduos Orgânicos (Cemar). O projeto desenvolvido pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) é uma parceria entre a Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional (Susan), a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA) e a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). A iniciativa propõe a criação de um local com foco na agricultura urbana e na formação para o aproveitamento de resíduos orgânicos. A área servirá também como centro de convivência para a população do entorno.
A chefe do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da SLU, Ana Paula da Costa Assunção, explica que mais de 50% do lixo gerado na cidade são compostos por resíduos orgânicos. “Por isso a preocupação da Prefeitura em aproveitar todo esse potencial de nutrientes para a produção de adubo em hortas comunitárias da cidade”, destaca.
A Sudecap, por meio da Gerência Regional de Manutenção Oeste, vem contribuindo com a execução de vários serviços desde o ano passado: plantio de mudas, supressão de árvores, remoção de entulhos e recomposição e limpeza das canaletas do sistema de drenagem, além de manutenção na edificação e contenção de encosta. Outras ações ainda estão em andamento, como a construção do novo muro da portaria, passando pela pista de caminhada, pela implantação da academia a céu aberto e elaboração da planta baixa do espaço educativo da SLU, onde serão ministrados cursos gratuitos. Haverá ainda a construção de um galpão, a contenção da encosta que servirá como reforço de proteção para os períodos chuvosos e a instalação do jardim sensorial com espécies ornamentais.
A chefe lembra que todo o processo vem sendo desenvolvido de maneira bem participativa com a realização de reuniões com os moradores e presença de representantes dos órgãos envolvidos. “O diálogo com o cidadão é constante, incluindo os integrantes de movimentos da sociedade civil, e com a aceitação positiva da comunidade.” Segundo ela, muitas pessoas já possuem quintais com vegetação e, por isso, demonstram interesse no assunto. Uma pesquisa feita pela Prefeitura na região revelou que 15% dos entrevistados realizam compostagem em casa. Cerca de 80% dos cidadãos consultados cultivam plantas no domicílio.
As próximas etapas do projeto incluem, no segundo semestre deste ano, a conclusão da estufa para os vegetais e do triturador de resíduos, além da introdução da horta comunitária. O Departamento de Manutenção de Próprios da Sudecap ficará responsável pela construção de pequenas sapatas de apoio para a estufa. As atividades presenciais serão retomadas tão logo haja condições satisfatórias de segurança em virtude da pandemia. “Assim pretendemos finalizar a implantação do Cemar e reiniciar as atividades de consumo consciente, de compostagem doméstica e de agroecologia”, prevê Ana Paula.
Antes do processo de isolamento social, no início do ano, foi posto em prática o sistema agloflorestal por meio do plantio de mudas de árvores frutíferas escolhidas pela própria comunidade. “Nossa expectativa é que, até o fim de 2020, tudo esteja completamente concluído.”
Educação Ambiental
Entre 2018 e 2020, por meio da Gerência de Educação para a Limpeza Urbana (Geelu), a SLU desenvolveu diversas atividades referentes à compostagem doméstica, entre elas a capacitação de 15 famílias da Ocupação Izidora. Outra ação relevante foi o treinamento de funcionários e professores da Escola Municipal Hélio Pellegrino e o acompanhamento das ações no projeto-piloto Compostagem na Escola.
Cerca de dez oficinas relacionadas à compostagem doméstica e à gestão de resíduos sólidos domiciliares foram promovidas, nas quais foram capacitados 210 alunos do projeto Trilhas Agroecológicas, em parceria com a Susan. Nas oficinas de compostagem doméstica na SLU, na SMMA e no Cemar, foram treinados mais de 150 participantes.
O enfoque dado pela Geelu contribui para a formação de cidadãos ambientalmente educados, ao fornecer orientações práticas sobre o processo e abordar todo o ciclo de geração e consumo do resíduo orgânico, além da destinação do composto e do incentivo à agricultura urbana.
A dimensão prática é primordial, esclarece Ana Paula, pois, em sua avaliação, fornece condições objetivas para o cidadão agregar ao discurso ambiental uma ação efetiva. “Esses métodos baseados no ciclo do resíduo orgânico permitem abordar de forma palatável assuntos com certo grau de abstração, como a sustentabilidade, bem familiar ao cotidiano dos lares e das pessoas”, observa.
“A proximidade se torna maior quando os desafios relativos ao manuseio de resíduos orgânicos são relacionados a reflexões sobre a qualidade da alimentação, ao padrão do nosso consumo, à possibilidade de reduzir desperdícios, às economias que podem surgir com a simples mudança de hábitos e à responsabilidade compartilhada em relação ao que geramos dentro de nossas casas.”
Vale ressaltar que uma das metas do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Belo Horizonte (PMGIRS-BH) é a minimização na fonte do volume excessivo de resíduos, o que acaba diminuindo a quantidade de lixo orgânico na cidade. “Ao estimularmos o consumo de menos alimentos processados, caminhamos para a produção de mais cascas de frutas e de legumes, por exemplo, e assim podemos ensinar as pessoas a fazer compostagem doméstica, por meio de oficinas”, analisa Ana Paula.
Comentários
Postar um comentário