Essa foi a pergunta que Cristiano Menezes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) respondeu para a Seção Oráculo, da Revista Superinteressante, edição de 10 agosto, a pedido do jornalista Daniel Batista.
A rainha morreu. Não há tempo a perder. As operárias têm apenas três dias para tomar as providências ou o fim da colônia será uma questão de tempo. A primeira decisão importante é tomada pelas próprias operárias, filhas da falecida. Elas irão escolher algumas larvas recém nascidas para transformá-las em rainhas.
O critério mais relevante para escolha é idade das larvas. Elas precisam ter menos de três dias de vida. A explicação é simples, diz o pesquisador. Até o terceiro dia de vida, todas as larvas são alimentadas com geleia real, uma substância super nutritiva produzida pelas glândulas das operárias. A partir do quarto dia, as larvas que darão origem a operárias passam a receber uma dieta diferente, rica em pólen.
A partir daí, seu destino não pode mais ser alterado. Por isso, qualquer uma das larvas fêmeas pode virar uma rainha, basta continuar comendo essa dieta especial ao longo de todo o seu desenvolvimento. Elas ampliam o “berço” dessa larva com cera, com tamanho e formato adequados para comportar uma rainha. Essa estrutura é chamada de realeira e geralmente é construída nas extremidades dos favos de cria.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a vida da futura rainha não será fácil, enfatiza. As operárias geralmente elegem simultaneamente mais de uma larva para suceder o trono. Quando elas nascerem, haverá uma competição mortal para elas. Elas irão lutar entre si e a vencedora será eleita para reinar a colônia.
A principal arma utilizada na disputa pelo trono entre as rainhas é um jato de fezes. A rainha que for atingida pelas fezes da sua rival é imediatamente imobilizada pelas operárias que se concentram ao seu redor. A sua rival aproveita a oportunidade para ferroá-la.
As
operárias morrem após ferroar, porque o ferrão possui farpas e fica
grudado no invasor. Isso não acontece com as rainhas porque seu ferrão é
liso. Ou seja, ela consegue ferroar suas concorrentes várias vezes sem
afetar sua saúde.” Nível rainha do xadrez”, garante.
Essa forma de
produção de rainhas é característica da espécie Apis mellifera – a
abelha mais conhecida, com listras pretas e amarelas, usada para
produzir o mel comum nos supermercados. Outras espécies de abelhas
possuem diferentes estratégias (muitas delas ainda mais bizarras).
Por exemplo: uma abelha sem ferrão conhecida popularmente como Mirim (Plebeia droryrana) aprisiona suas rainhas virgens em câmeras especiais feitas com cera. Elas podem ficar confinadas ali por várias semanas. A câmara possui uma passagem estreita por onde somente as operárias conseguem passar para alimentá-la. Caso a rainha-mãe morra, ela será liberada para suceder o trono.
Já as abelhas do gênero Melipona, como a Mandaçaia e a
Uruçu, possuem uma estratégia que ainda não é totalmente compreendida
pelos biólogos: elas produzem novas rainhas todos os dias. Se a colônia
não precisar delas, as operárias as matam ou as expulsam de casa.
Confira no site da Revista.
Embrapa Meio Ambiente
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