Pesquisa coloca Brasil como país que mais se preocupa com saúde mental

 


Brasileiros são os que mais se preocupam com o bem-estar mental. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto IPSOS, com entrevistados de 30 países. De acordo com o estudo, o Brasil aparece como primeiro no ranking como o país que mais se preocupa com saúde mental. 

Setenta e cinco por cento da população afirma que pensa com frequência em seu próprio bem-estar mental. E oito em cada dez brasileiros acreditam que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Lucas Queiroz é um deles: o advogado de 31 anos diz que tenta equilibrar o físico com o emocional para manter uma vida saudável. 

"Esse equilíbrio necessariamente está ligado ao bem-estar do corpo. Eu acho que não tem como você promover essa divisão entre mente e corpo. Eu acho que os dois caminham juntos pra trazer esse bem maior, pra trazer uma saúde mental".

A pesquisa sobre saúde mental mostra ainda que são as mulheres e os mais jovens os mais preocupados com o tema. Pablo Castanho, professor do Departamento de Psicologia Clínica da Universidade de São Paulo, coordena projetos que oferecem apoio psicológico de graça à comunidade e diz que, apesar de o público feminino ser maior, a busca de homens por apoio emocional tem crescido.

"Ainda que a gente saiba que em alguns grupos sociais, algumas regiões do país seja muito mais difícil para um homem buscar um apoio psicológico. Daí também é uma situação de risco pra certos agravos de saúde mental porque não buscam ajuda e acabam tendo mais dificuldade, mais problemas". 

A pesquisa foi realizada com cerca de 21 mil pessoas, com idade entre 16 e 74 anos, entre agosto e setembro deste ano. Outro dado revela que para 40% dos entrevistados brasileiros, a saúde mental é um dos maiores problemas sanitários que o país enfrenta na atualidade - um crescimento de 13% em relação a 2020.

A pesquisadora Helena Junqueira afirma que as estatísticas sobre saúde mental no Brasil explicam esse número. Outros agravantes são a pandemia e o preconceito sobre a doença. 

"Existem dados da Organização Mundial da Saúde de 2019 que já mostravam que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e é também o país mais deprimido da América Latina. Então, essa questão de saúde mental já é bem presente no cotidiano dos brasileiros há muito tempo - mesmo que, infelizmente, os transtornos mentais ainda sejam muito rodeados por preconceito, por falta de informação. E a pandemia, claro, veio pra gravar esse cenário".

A pandemia trouxe, a nível global, incerteza, segurança, além de luto e isolamento social. Aqui no Brasil, outros estudos mostram que um elevado número de brasileiros sofre com ansiedade e insônia. Eles apontam a falta de estrutura de programas de prevenção e até acesso ao tratamento como principais entraves no combate a doenças ligadas à saúde mental. É o que explica Helena Junqueira. 

"Existe um papel muito importante do governo em tratar a saúde mental como um problema sanitário grave e real. E existe também um papel da sociedade como um todo, da mídia, das marcas que se comunicam com o público, de falar sobre esse assunto. Porque quanto mais informação confiável o público tiver nas mãos, mais a nossa sociedade caminha para que a saúde mental deixe de ser um tabu um dia". 

O Ministério da Saúde informou que faz atendimentos ligados à saúde mental. Em 2020 foram registrados cerca de 170 mil atendimentos em todo o país de pacientes diagnosticados com demência, depressão, ansiedade, transtorno psicóticos e transtorno afetivo bipolar. 

*com a produção de Michelle Moreira 

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