A Saúde pública é de extrema importância no Brasil. Mais de 70% da
população depende do SUS e o Ministério da Saúde estima que, em dez
anos, será preciso desembolsar pelo menos R$ 115 bilhões para atender a
essas pessoas. Atuar neste cenário não é tarefa simples; mas, ao invés
de assustar, motiva um grupo de 22 futuros médicos que fazem parte do
programa de estágio na Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Além deles, uma média de outros 150 acadêmicos integram o programa que
oferece bolsa-estágio com remuneração variável, conforme carga horária e
auxílio alimentação.
“Ter a noção de que controlar a pandemia em Minas Gerais é impactar o
país, muda completamente minha experiência. Me dá mais gás. Sinto
orgulho do meu trabalho”, diz o futuro médico Fagner Lúcio de Toledo,
estudante do 8° período e um destes estagiários que vive, dia a dia, o
que muitos de seus colegas talvez só conheçam por meio de livros ou
relatos de casos.
Atuação em emergências
Desde 2019, Fagner atua na Subsecretaria de Vigilância em Saúde e
está às voltas com notas técnicas, planos de contingência e políticas
públicas informadas em evidências. Já lidou com duas emergências em
Saúde de grandes proporções: o caso da contaminação química da cerveja
Belorizontina, da Backer, que intoxicou 19 pessoas e levou dez a óbito, e
a pandemia da covid-19, considerada, pela ONU, um dos maiores desafios
humanitários desde a Segunda Guerra Mundial.
Fagner chegou à SES por meio de processo de seleção divulgado pela
faculdade onde estuda e foi encaminhado para a área de atuação conforme
seu perfil.
“Aqui, vejo como os processos de gestão impactam a realidade de quem
está no atendimento, na ponta do serviço de Saúde pública”, conta o
estudante. “Quando penso no meu futuro profissional, vejo que esta
experiência será determinante”, complementa.
Marina Sammarco Eziliano faz parte do primeiro grupo de estagiários a se
apresentar na SES-MG para trabalhar, especificamente, com a pandemia.
Ela atua na Sala de Situação e, inicialmente, foi capacitada para
atendimento telefônico no plantão do Centro de Informação Estratégica de
Vigilância em Saúde (Cievs).
“Atualmente, estou na tabulação de dados referente aos óbitos por
covid-19. É surpreendente saber como é elaborado um protocolo sanitário a
partir de análises de dados utilizados, de fato, para melhorar as
políticas públicas de Saúde”, observa.
Oportunidade
À frente de Fagner, de Marina e de outros 20 jovens em formação estão o
médico e subsecretário de Vigilância em Saúde, Dario Brock Ramalho, e a
coordenadora do Cievs, Tânia Marcial. Na avaliação da infectologista
essa “é uma grande oportunidade de os jovens conhecerem o que é e como
se faz a Saúde pública de perto”
A vivência dos estagiários significa acompanhar e participar da resposta
à covid-19 a partir do que Dario Ramalho chama de comando central.
Segundo ele, os alunos formados para atuar no atendimento ao paciente
têm pouca noção sobre a gestão de políticas públicas de Saúde. “Para
alterarmos o quadro, é necessária a formação de gerações de
profissionais capazes de reduzir esta distância, de modo a impactar na
sociedade”, afirma
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