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📰 BrasilAgro (AGRO3): Prejuízo no 1T26 e Pressão Logística no EBITDA

  • Foto do escritor: Rádio AGROCITY
    Rádio AGROCITY
  • 18h
  • 3 min de leitura
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A BrasilAgro (AGRO3) reportou um resultado para o primeiro trimestre da safra 2025/2026 (1T26) que reflete os desafios operacionais e a sazonalidade do setor, registrando um prejuízo líquido de R$ 64 milhões, revertendo o lucro obtido no mesmo período da safra anterior. A receita líquida também apresentou queda significativa, indicando um período de menor comercialização de commodities agrícolas, o que é típico para o primeiro trimestre fiscal.


A análise estratégica do balanço aponta para uma forte pressão sobre as margens da companhia, em um cenário global de custos elevados.


Análise Operacional e Impacto no EBITDA


O EBITDA (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) ajustado da BrasilAgro no 1T26 registrou uma queda acentuada (cerca de 62% em comparação anual, conforme reportado por algumas fontes), refletindo a receita líquida menor e os custos operacionais majorados.


O Efeito da Logística e Custo do Frete


O custo da Logística no agronegócio, impulsionado principalmente pelo preço do diesel e pela dependência do modal rodoviário, é um fator estrutural que compromete a rentabilidade no Brasil, sendo notoriamente superior ao de países concorrentes (estimativas apontam para um custo de frete 30% maior que o dos EUA).


No balanço da BrasilAgro, apesar de a empresa ter conseguido uma pequena atenuação do impacto através de uma compra de diesel com preço médio abaixo do orçado (entre R$ 5,40 e R$ 5,50/litro contra R$ 5,90/litro orçado), o custo de frete continua sendo um componente relevante do Custo dos Produtos Vendidos (CPV). A pressão logística (frete e insumos) em um trimestre de menor faturamento, amplifica o impacto negativo na linha do EBITDA.


  • Impacto Direto: O aumento ou a manutenção de altos custos logísticos reduz diretamente a margem bruta e, consequentemente, o EBITDA Operacional. Cada real a mais no frete é um real a menos no lucro operacional, a menos que haja compensação via preço de venda da commodity ou ganhos de produtividade.

  • Atenuante: A BrasilAgro utilizou a estratégia de "carrego" de soja para o 2T26, buscando preços de venda melhores, o que sugere uma gestão tática da comercialização para otimizar o preço basis (diferença entre o preço futuro e o preço à vista). Essa estratégia visa compensar, pelo lado da receita, as pressões de custo.


Além da logística, a perda de produtividade na cana-de-açúcar, que teve um ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) abaixo da expectativa, também foi citada pela gestão como um fator de redução do EBITDA (estimada entre R$ 20 e R$ 25 milhões).


Perspectiva Estratégica e Hedge


Apesar do prejuízo, a companhia mantém uma estratégia de longo prazo com foco em ganhos de produtividade (com expectativa de 20% a mais na nova safra na mesma área) e gestão de hedge para proteção de receita e câmbio.


  • Câmbio: A empresa fez hedge de recebíveis a taxas favoráveis, protegendo-se contra flutuações.

  • Insumos: O alto nível de aquisição antecipada de insumos para a safra 2025/26 (Cloreto de Potássio em 81%, Fosfatados em 89%, Defensivos em 75%) é uma jogada estratégica contra a alta volatilidade de preços, minimizando parte do risco de custos futuros.


💵 Recomendação para Investidores a Curto Prazo


Considerando o cenário atual, a recomendação para o investidor a curto prazo (próximos 3 a 6 meses) é de NEUTRO (Manter), com viés de cautela.


  1. Sazonalidade e Risco: O 1T é historicamente fraco. O prejuízo não é totalmente inesperado, mas a acentuada queda no EBITDA aumenta o risco de curto prazo, especialmente em um ambiente de incertezas climáticas (El Niño/La Niña) e macroeconômicas.

  2. Foco no 2T: A estratégia de "carrego" da soja faz com que a performance do 2T26 (com maior volume de vendas e receitas) seja crítica para reverter o quadro. O investidor deve aguardar o desempenho da comercialização e o desenrolar da colheita da nova safra.

  3. Liquidez e Dividendos: A empresa é conhecida por sua política de dividendos e por seu modelo de negócio de valorização de terras (imobiliário agrícola). Contudo, a geração de caixa de curto prazo é impactada. A expectativa de pagamento de dividendos, tipicamente no final de novembro, pode gerar um ponto de suporte para as ações.

  4. Agressividade: Investidores mais agressivos podem considerar a estratégia de swing trade baseada na valorização imobiliária e na expectativa de vendas de fazendas (modelo estratégico da companhia), mas o risco é elevado até que a pressão sobre as commodities e a logística se normalize.


Em resumo, a aguardar a materialização dos ganhos de produtividade e dos preços da soja carregada no 2T26 é a postura mais prudente no momento.


Por Rafael Terra, seu analista de Agronegócios & Finanças.

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