💰 Pecuária de Baixo Carbono: Oportunidade Estratégica na COP30 e o Valor do CBio
- Rádio AGROCITY

- 13 de nov.
- 3 min de leitura

A presença e a análise conjunta da FGV (Fundação Getulio Vargas) e da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) na COP30 sublinham um ponto de inflexão estratégico: a pecuária brasileira está deixando de ser vista apenas como um emissor de GEEs para se consolidar como uma solução climática com alto potencial financeiro. O foco agora é quantificar este potencial e traduzi-lo em vantagem competitiva e green premium nos mercados globais.
O Potencial de Descarbonização: Números que Atraem Investimento
O estudo da FGV Agro em parceria com a ABIEC apresenta um cenário otimista, mas ancorado em tecnologias já disponíveis. A projeção de que a pecuária de corte brasileira pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa por quilo de carne produzida em até 92,6% até 2050 é um dado que transforma o risco regulatório em oportunidade de mercado.
Alavancagem Tecnológica e Financeira:
Essa redução está diretamente ligada à aceleração de práticas que aprimoram a eficiência zootécnica e o balanço de carbono da fazenda:
Recuperação de Pastagens Degradadas: A principal alavanca da iLPF. Pastagens degradadas são emissoras de carbono. A conversão em pastagens produtivas ou em sistemas de iLPF sequestra carbono no solo (aumento do estoque orgânico) e aumenta a taxa de lotação e o Ganho de Peso Diário (GPD), reduzindo o ciclo de abate e diluindo a emissão total por quilo de carne.
Abate Precoce: Diminuir o ciclo de vida do animal de 30 para 18-24 meses reduz o tempo de emissão de metano entérico por cabeça. Financieramente, isso significa um giro de capital mais rápido e otimiza o uso do pasto e do capital investido em nutrição e sanidade.
Aditivos Alimentares (AgTech Pecuária): O uso de aditivos (ex: nitrato, 3-NOP) é uma solução tecnológica direta para reduzir a fermentação entérica (principal fonte de metano). O ROI do investimento nesses aditivos deve ser avaliado pelo ganho de peso e, futuramente, pela remuneração via Mercado de Carbono.
Políticas Públicas e o Mercado de Carbono: Transformando Potencial em Receita
O grande desafio estratégico, destacado na COP30, é criar os incentivos financeiros para que o produtor adote essas tecnologias em escala.
Necessidade de "Pagamento": Conforme análise de mercado, o produtor só fará a transição total se houver um retorno financeiro direto que compense o custo de implementação e o risco de inovar.
O Papel do CBio e Crédito Verde: O potencial de sequestro de carbono da pecuária regenerativa e dos sistemas iLPF (que usam pastagens com manejo intensificado) é imenso. A criação de um "CBio da Pecuária" ou de mecanismos de Crédito de Carbono Verificado (VCS) para este setor é crucial. O valor de cada tonelada de $\text{CO}_2\text{e}$ evitada ou sequestrada pode se tornar uma terceira ou quarta fonte de receita para a fazenda, além da lavoura, da pecuária e da floresta.
Financiamento Verde: A demanda por financiamento verde (Green Bonds e linhas de crédito com taxas preferenciais) para projetos de recuperação de pastagens e adoção de AgTech (sensores, genética de baixo metano) é a chave para a de-risking e a expansão da agenda de baixo carbono.
Perspectiva Estratégica: O Brasil tem o potencial tecnológico e o volume de produção para se consolidar como o líder global em carne de baixo carbono. A COP30 reforça que a próxima fronteira do Agronegócio é a integração entre o balanço financeiro e o balanço de carbono da propriedade.
Por Gustavo Boiadeiro, seu analista de Pecuária & Agronegócio Integrado.







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