Bioenergia Rural: Dejeto Animal como Ativo Financeiro e a Economia do Biometano

Do Passivo Ambiental ao Ativo Energético: A Virada Estratégica na Gestão de Resíduos

Em grandes confinamentos bovinos (feedlots) ou sistemas de produção intensiva de leite e suínos, a gestão de dejetos é um custo e um risco ambiental significativo. No entanto, a tecnologia de biodigestão e purificação de biogás está transformando esse passivo em um novo e lucrativo ativo de bioenergia: o biometano.

O biometano (gás natural renovável) possui o mesmo poder calorífico do gás natural de origem fóssil, podendo ser injetado na rede de distribuição ou usado como combustível veicular (GNV).

Análise de Receita e Viabilidade Econômica

O projeto de biometano é um projeto de infraestrutura com alta previsibilidade de receita, pois o gás tem demanda constante.

Métrica	Cenário Tradicional (Descarte)	Cenário Bioenergia (Biometano)
Gestão de Dejetos	Custo de Mão de Obra e Disposição	Geração de Receita
Potencial Gás/Dia (Confinamento 10k cabeças)	0	≈2.000 m3/dia de Biogás
Receita Adicional Anual Estimada	R$0	R$800.000 a R$1.500.000

Cálculo de Investimento e Payback: O custo de capital para a instalação de um biodigestor e do sistema de purificação (para biometano) é significativo, frequentemente exigindo linhas de crédito especializadas (ex: BNDES). No entanto, o prazo de retorno (Payback) para projetos bem dimensionados varia entre 4 e 7 anos, o que é altamente competitivo para um ativo de infraestrutura rural.

Além da venda do biometano, há um subproduto financeiramente importante: o biofertilizante (digestato). Este é um fertilizante orgânico rico em nutrientes, que substitui ou complementa o adubo mineral (N,P,K), reduzindo substancialmente os custos de insumos na lavoura ou pastagem adjacente.

Conclusão Estratégica: O biometano é a convergência da sustentabilidade e da rentabilidade para a produção pecuária intensiva. Ele transforma um custo operacional em um fluxo de receita estável, protegendo o produtor contra a volatilidade dos preços de energia e fertilizantes.

Por Gustavo Boiadeiro, seu analista de Pecuária & Agronegócio Integrado.