Safra de Laranja 2025/2026: De Volta à Normalidade e Seus Desafios
- Rádio AGROCITY

- 25 de mai.
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Após um período de quebra histórica, a citricultura brasileira respira aliviada. A safra de laranja 2025/2026 no cinturão citrícola de São Paulo e nas regiões do Triângulo e Sudoeste de Minas Gerais promete um retorno à normalidade, com uma estimativa de 314,6 milhões de caixas (de 40,8 quilos). Isso representa um aumento de 36,27% em relação à safra anterior, que foi a pior dos últimos 35 anos, e está 4,8% acima da média das últimas dez temporadas.
A recuperação é um alívio para o setor, que sofreu com os impactos severos da seca e das altas temperaturas registradas entre agosto e outubro do ano passado. Esse clima adverso prejudicou a primeira florada, resultando em uma redução significativa na oferta de frutas.
Fatores por Trás da Recuperação
A melhora na safra atual é atribuída a uma combinação de fatores positivos:
Clima Favorável: As chuvas em momentos mais adequados e temperaturas menos extremas contribuíram para o desenvolvimento dos pomares.
Aumento da Produtividade: Houve um crescimento de 7,5% no número de árvores adultas produtivas. Pomares mais jovens também estão entrando em sua fase de maior produtividade.
Menor Erradicação: A queda na erradicação de pomares doentes para praticamente zero também é um fator importante.
Apesar da primeira florada ter sido reduzida pelas condições climáticas extremas do ano passado (com temperaturas 3,2°C acima da média histórica), cerca de 70% da oferta esperada para 2025/2026 virá da segunda florada, que teve um "bom pegamento" a partir de outubro. Isso implicará uma safra mais tardia, com o processamento podendo atrasar em até 45 dias, mas com expectativa de frutas de boa qualidade.
Desafios Persistentes: O Greening
Mesmo com a perspectiva de uma safra maior, o greening (doença do Huanglongbing – HLB) continua sendo o principal desafio para os citricultores. A doença afeta 51% das laranjeiras adultas, e a taxa de queda de frutas nos pomares por causa do greening deve subir de 17,8% para 20%, resultando em uma perda estimada de 35 milhões de caixas.
Contudo, há um otimismo cauteloso em relação ao controle da doença. O diretor-executivo do Fundecitrus, Antonio Juliano Ayres, mencionou melhorias no controle químico e uma redução na população do psilídeo (o inseto transmissor da doença) em pomares jovens. A expectativa é de um controle mais eficaz e menor incidência em cerca de cinco anos.
Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento
Para combater o greening e impulsionar a citricultura, o Fundecitrus e a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) anunciaram a criação de uma rede de pesquisas. Com um investimento de US$ 3 milhões e a participação de 70 pesquisadores de sete países, a iniciativa busca avançar no entendimento e controle da doença.
Dados de Produtividade e Inventário
O Fundecitrus também divulgou a atualização do inventário de plantas e área no cinturão citrícola. Atualmente, existem 209,085 milhões de árvores, um aumento de 4,9% desde 2022. A área total cultivada cresceu 2%, atingindo 394.918 hectares. A produtividade média estimada para a safra 2025/2026 é de 869 caixas por hectare, com 617 frutos por árvore, demonstrando um salto significativo em relação à temporada passada.
Apesar dos desafios persistentes do clima e de doenças como o greening, a citricultura brasileira demonstra resiliência e capacidade de recuperação. O retorno a uma safra mais robusta traz um fôlego importante para o setor e para a economia.







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