📰 Análise de Resultados: Receita Recorde e Prejuízo da SLC Agrícola no 3T25 - Foco Estratégico em Ativos
- Rádio AGROCITY

- há 15 horas
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O Paradoxo Sazonal e o Fator M&A na SLCE3
A SLC Agrícola (SLCE3), uma das gigantes do agronegócio brasileiro, reportou um resultado paradoxal no terceiro trimestre de 2025 (3T25). Embora tenha alcançado um recorde de Receita Líquida de R$ 2,09 bilhões, um crescimento de 27,9% em relação ao 3T24 (R$ 1,63 bilhão), a companhia registrou um prejuízo líquido de R$ 14,5 milhões. Este prejuízo, no entanto, representa uma redução de 16% na comparação com a perda de R$ 17,3 milhões registrada no mesmo período do ano anterior.
O mercado financeiro, notavelmente, reagiu com otimismo, com as ações SLCE3 registrando alta após a divulgação. Isso sinaliza que o prejuízo foi amplamente interpretado como um efeito sazonal esperado e que o foco dos investidores migrou para as iniciativas de valorização de ativos e expansão estratégica.
💰 Perspectiva Financeira e Sazonalidade
O principal motor da receita recorde foi o volume de vendas, que também atingiu patamar inédito, impulsionado pelo desempenho robusto de commodities como milho e soja. O volume comercializado totalizou 1,1 milhão de toneladas, um avanço de 50% na base anual.
Prejuízo Explicado pela Safra: A empresa justifica o prejuízo no 3T25 pela sazonalidade inerente ao seu ciclo operacional. Historicamente, o terceiro trimestre coincide com a entressafra e com os desembolsos de custeio para a próxima safra (2025/26), o que pressiona o resultado líquido.
Acumulado Positivo: A lente estratégica deve focar no resultado acumulado. Nos primeiros nove meses de 2025, o Lucro Líquido acumulado foi de R$ 634 milhões, com uma Margem Líquida de 10%, demonstrando a rentabilidade do negócio no ciclo completo.
Alavancagem: A Dívida Líquida ajustada encerrou o 3T25 em R$ 6,2 bilhões, elevando a relação Dívida Líquida sobre EBITDA Ajustado para 2,34x. O aumento é atribuído ao custeio da safra, pagamento de dividendos e investimentos estratégicos.
🔄 M&A e Estratégia de Valorização de Ativos (LandCo Model)
O fator mais relevante para a reação positiva do mercado reside em uma operação estratégica de M&A e Finanças Estruturadas que valida o modelo de negócios da SLC de valorização das terras.
Acordo com BTG Pactual (FIPs): A SLC Agrícola fechou um acordo significativo com Fundos de Investimento em Participações (FIPs) do BTG Pactual, no qual os fundos aportarão cerca de R$ 1 bilhão para a aquisição e arrendamento de terras focadas em irrigação.
Estrutura da Operação: Serão criadas Sociedades de Propósito Específico (SPEs) com a participação da SLC (50,01%) e dos FIPs (49,99%). A SLC subscreverá capital contribuindo com terras (ex: parte da Fazenda Paladino) e os fundos farão o aporte de capital.
Impacto Estratégico e Financeiro (LandCo): Essa manobra permite à SLC monetizar parte do valor de seus ativos imobiliários (terras) sem recorrer a uma emissão de dívida com alto custo de juros. Isso alivia a pressão sobre o balanço, garantindo capital para investimentos em produtividade (como irrigação) e validando o valor do seu portfólio de terras no mercado. A remuneração aos FIPs será de aproximadamente 19% da produção agrícola em contratos de longo prazo (18 anos).
🌱 Inovação e Sustentabilidade: O Foco na Irrigação e ESG
O capital levantado via parceria com o BTG será direcionado para um pilar fundamental da estratégia da SLC: a expansão da irrigação.
ROI da Irrigação: A empresa projeta elevar a área irrigada em 232% nos próximos anos. A irrigação é vista como um hedge contra a volatilidade climática e um catalisador de produtividade. O CEO, Aurélio Pavinato, já destacou que a irrigação pode elevar o rendimento em até 110%, um ROI operacional direto e fundamental para mitigar os riscos da produção de commodities sujeitas a eventos climáticos.
Alinhamento ESG: A estratégia de LandCo, ao financiar projetos de irrigação e aumentar a produtividade por hectare, se alinha a princípios de sustentabilidade, otimizando o uso do solo e reduzindo a pressão por abertura de novas áreas. A própria SLC tem fortalecido seu compromisso ESG, tendo avançado no rating da MSCI para BB.
Em suma, o prejuízo trimestral é um ruído sazonal amplamente descontado. A análise estratégica aponta para um movimento de criação de valor a longo prazo, onde a monetização de ativos imobiliários financia a inovação em produtividade (irrigação), garantindo o crescimento da receita e a otimização da estrutura de capital em um ambiente de taxas de juros elevadas.
Por Rafael Terra, seu analista de Agronegócios & Finanças.







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